Procuro no fundo do poço respostas. Daquelas que satisfaçam.
Puxo-as com um balde de cobre laminado, com as minhas mãos cheias de terra. Esgravatei tudo o que encontrava para encontrar me a mim próprio.
Em vão, claro.
Gosto do sabor da água do poço. Dá-me a sapiência dos sábios.
Abre-me os olhos mesmo que não os queira abrir.
Molho os dedos sujos e limpo-os.
Fico puro, limpo. Mesmo as lágrimas salgadas que tenho na cara.
A água fica negra cheia de pecados e ódios necessários.
Envio-a de novo para o poço num gesto brusco.
Ela cai junto ao resto da sua companheira de onde a arranquei.
Os ódios infiltram se. Na água no solo, nas arvores e no céu.
Tudo fica odioso.
Tudo fica igual a mim.
Tudo se vira contra mim.
Eu digo, num sussurro que todos ouvem:
“Vamos lá a essa dança.”
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