Monday, July 03, 2006

Carta de Adeus

Apetece me chorar, e estou mesmo na linha ténue que me impede.

No filme que é a minha vida, a banda sonora é agora triste mais uma vez. Ouve se um som que anuncia o calvário que vou sentir nos próximos tempos. O verdadeiro sentimento. Senti o tantas vezes, e mesmo assim não me consigo habituar.

Sinto me deprimido ao supremo. Apetece me pôr esta película em pausa para me dar tempo para pensar. Mas mesmo nesse tempo de pausa sou assolado por pesadelos, por tua causa, mas não só. Este capitulo da minha vida acaba agora, e como sempre que acabamos um capitulo de um livro, sinto me nostálgico e triste. Queria mais mas ao mesmo tempo também andar para a frente e descobrir mais. Abandono esta minha casa que nunca me recebeu mas que me afagou a cabeça quando precisei mais. Velha parceira de entretenimento. Onde pisei pela primeira vez nesta cidade, piso novamente e sou outro. Deixo um bocadinho contigo, mas prometo que volto para o buscar.

Deixa me olhar para ti. Revelar te segredos. Passar a mão nos cabelos. Partilhar o ar que respiro. Um balde de gelo na cara, tenho a expressão narcotizada. Sou lento nestes dias, e o tempo demora a passar. Estupidifico. Fico emotivo e tudo me aflige, ainda mais do que costuma. É essa a sina de reparar constantemente nos pormenores. Absolutamente todos.

Penso com quem estarás amanha. Com quem falas e que se passa na tua vida. Não quero saber mas quero saber. Custa me que existas, mas que não existas comigo. Custa me que a tua vida ande para a frente quando a minha anda para trás neste momento. Custa me perder a cabeça várias vezes ao dia ou ficar a olhar para um ponto na parede ou na paisagem, completamente errante. Vou me dissolvendo, como um gelado encostado a um braseiro intenso. Esse sentimento que me devora. Esses minutos perdidos. Que se tornam horas e dias. Partido.

O outro dia vi uma foto tua num sítio que conhecemos bem. Lembrei me de ti mesmo quando te tentava esquecer. E ali me expirei mais um bocado. Depois tive um pesadelo horrível, que mesmo assim era melhor do que a realidade.

Dói me tanto, mas mesmo tanto…