Sunday, January 25, 2009

O monstro inquisidor, sobrevivente da destruição.


O monstro olhou em volta. Haviam apenas destroços naquele sítio inóspito. Chamara lhe Almejan, a terra dourada. Os seus campos dourados enchiam os seus habitantes de felicidade eterna, de amor indiscutível. A cidade de Cossus era a sua capital. Antiga e dura, impenetrável. A luz que irradiava era enorme e penetrava qualquer escuridão na terra. O monstro voltou a olhar, já dentro de uma cidade deserta, cheia de mágoa e dor, sentia ele. A cidadela estava tão vazia e a sua luz havia sido retirada sem ninguém poder fazer nada. Era outro local agora, morto.

Morreram todos, matou a todos, a negritude que existiu sempre no coração do seu rei benigno e adorado. Era dele que irradia tal luz, forte e destrutiva, mas linda e curativa. Um dia uma guerra destruiu tudo. Um exercito invasor havia destruído tudo, e havia se destruído a si também, em fúria invasora sem limite de ambições.
O mostro caminhou naquela terra seca, sem relva. Sobre aquela lua cinzenta, quase sem luz que deixava aquele sitio preto e assustador. O monstro era apenas um visitante, mas ele sabia que não podia ali estar muito mais tempo. Ao longe um fogo enorme acendia se, como um vulcão. Não sabia o que era, mas era mortal. O sentimento acordava, e isso magoava esta terra.

Um traço de destruição maligna levou o monstro até uma ponte e depois até uma fortaleza, no meio de um deserto, que tinha a terra vermelha. Nesta terra era tudo quente, mesmo à noite. A brisa quente de um fogo ao longe aquecia tudo, mesmo sem ninguém naquela região. A fortaleza antiga não tinha nada, tirando uma árvore morta, sem frutos a quem alimentar. Continuou então, sem esperança já, encontrando os pilares de Jotun, pedras ancestrais que um dia defenderam esta terra que ai vinha, agora partidos por algo forte demais para aguentar.

Ai encontrou cavaleiros em esqueleto, ainda dentro de suas armaduras, penetradas por algo horrível que os havia devorado sem piedade. O rasto preto no chão despertava curiosidade ao monstro, que observou que a chama acendia se noutro local, distante dali. E a destruição ia até uma torre no gelo seco que vinha depois dos pilares. Uma cidade destruída, e mais outra, sempre com as cores sugadas, com a vida que alimentava antes povos desaparecida para sempre.

Para onde vou eu? Pensou o monstro. Tenho vários caminhos a percorrer. Tenho medo do colossus, do cavaleiro negro, do crosus. Mas tenho medo da chama eterna, a luz que ilumina e apaga tudo o resto. Que rói carne e mói ossos.
Para onde vou agora…

Tuesday, January 20, 2009

Dawn Carriage



Shaded by the trees, calling out to the wind,
I'm lying face-down crying
I saw a version of myself I didn't even recognize
On this guitar I'm playing the melody of someone who's passed on
A star falls in the grief of someone who'll never be seen again
Please don't go, no matter how much you scream,
all it will do is quietly stir these orange petals

Saved on my soft brow,
I send the memories in my palm far away
An eternal farewell as I keep strumming
The heart of a child clinging to a gentle hand
The blazing wheels cast it off and continue on
On this guitar I'm playing the grief of someone who's passed on
The strings in my heart being plucked at violently
In the pure white unstained by sorrow,
the orange petals stirred in a summer shadow

Even if my soft brow is lost,
I'll cross over the far off, red-stained sand
The rhythm of farewell
Branded into my memories, on the ever-turning earth,
there is something sprouting in remembrance
Sending off the dawn's carriage

Those orange petals are stirring somewhere even now
The peaceful daybreak I once saw
Until it is placed in my hands once more,
please don't let the light go out
The wheels are turning

Wednesday, January 14, 2009

Old.


Cabelo preto revolto. Pernas cruzadas. Provocação premeditada.
Olhar no escuro, na solidão do poder. Na alucinação de uma bebida amarga ou um cigarro fumarento.
Peço para me cruzar contigo, para te encontrar, para saltar contigo na escuridão e descobrir a luz.
Que estranha cantiga, que forte calor no estômago.
Gozas comigo, numa maneira trépida de nervosismo. Juntamente.
Rompendo o pensamento, acariciando a língua, o copo impressionado da vida. Mais papel, mais uma golada cheia.
Que medo assolador, que receio que assalta o mais fraco na noite.


- old.

Tuesday, January 13, 2009

Corvo e Peixe.

Old Story...


Ventania de noite, alma de desespero. No fundo do rio que me afoga vive um peixe negro como o carvão que assusta todos os pescadores. Rompe as suas canas de pesca, os seus ossos quando caem e a as suas esperanças.
Esse peixe solitário vivia longe de tudo e de todos e qualquer outro peixe ou ser que se aproximasse era afastado. Ninguém sabia o porque, já acontecia há tanto tempo que ninguém se lembrava da origem do seu negrume e maldade.
Um dia, saído do fundo negro do lago, do lodo protector, o peixe negro conheceu um corvo negro que debicava nas águas do lago. Sempre que o peixe o tentava magoar ele se afastava com as suas asas e voltava a debicar no lago, contra a vontade do peixe. Começou a conversar o corvo então, com o peixe que não sabia o que dizer.
O corvo vivia no ar e nas árvores, sempre sonhador, no azul do ar e no verde das árvores de fruto. Só conhecia o doce e o quente do seu ninho. O peixe apenas conhecia o frio e o escuro do fundo do lago.
Confraternizaram os dois durante muito tempo. Contaram a cada um as suas vivências e as diferenças. Tinham a mesma cor e igual potencial. E juntos acharam então os dois em uníssono, seriam invencíveis e apaziguariam a dor um do outro. O corvo ensinou ao peixe o azul do céu e o verde das árvores e como os frutos são doces como a vida e como é bom ter companhia da floresta. O peixe ensinou sobre o negro confortável do fundo do lago e a liberdade de ser independente e de conseguir afastar as ameaças sem remorso de mais.
Hoje vivem os dois perto um do outro. O peixe quase nunca está no fundo do lago e sim perto da margem, sempre a olhar para o azul do céu e até já está menos negro, por causa do sol quente. O corvo já não voa tão alto e já não se afasta tanto para o mundo dos sonhos dos ventos do céu. Fica mais perto do lago e do peixe negro.

Ódio.



Procuro no fundo do poço respostas. Daquelas que satisfaçam.
Puxo-as com um balde de cobre laminado, com as minhas mãos cheias de terra. Esgravatei tudo o que encontrava para encontrar me a mim próprio.
Em vão, claro.
Gosto do sabor da água do poço. Dá-me a sapiência dos sábios.
Abre-me os olhos mesmo que não os queira abrir.
Molho os dedos sujos e limpo-os.
Fico puro, limpo. Mesmo as lágrimas salgadas que tenho na cara.
A água fica negra cheia de pecados e ódios necessários.
Envio-a de novo para o poço num gesto brusco.
Ela cai junto ao resto da sua companheira de onde a arranquei.
Os ódios infiltram se. Na água no solo, nas arvores e no céu.
Tudo fica odioso.
Tudo fica igual a mim.
Tudo se vira contra mim.
Eu digo, num sussurro que todos ouvem:
“Vamos lá a essa dança.”

Lutor e Selene.

A morte aproximava se por todos os lados, mostrando me a fraqueza do mundo.



Lutor saltou de um varandim para o outro. Costumava fazê-lo para se encontrar com Selene, a sua amada. O processo já era conhecido por ele. Escalava as sebes ao lado da varanda da sala, depois saltava dessa varanda para a varanda do quarto de Selene e lá perdiam se em paixões discretas a e silenciosas. Não fosse o pai e a mão de Selene ouvirem, severos e protectores de sua linda filha, prendada mais que tudo, cheia de pretendentes que eles escolheriam com cuidado, para fortalecer a sua posição social e económica.
Era então o amor secreto. Numa época cheia de protocolos macilentos, época de senhores distintos com os seus relógios de bolso e com as mentes repletas de ciência, época de mulheres belíssimas e puras, submissas aos homens e à moralidade que comanda a sociedade, montadas nas suas carruagens e protegidas pelos seus acompanhantes. Um mundo sem toque ou paixão. Um mundo seco e de tons pastel, sem vida, presos num quadro que vai envelhecendo.
Não era assim para Lutor, jovem apaixonado e sonhador, no início de uma carreira como escritor, sem reconhecimento ainda. Por isso sem grandes posses, filho de pais comerciantes de bens essenciais, nunca seria aceite pelos pais de Selene, que procuravam um pretendente abastado. E eles existiam aos montes, atrás de Selene, cheios de estilos treinados durante anos de ensinamentos de línguas mortas e artes da diplomacia, capazes de convencer um padre que deus não existe, se assim o necessário. Lutor não podia rivalizar tamanhas qualidades. Mas ele tinha algo que nenhum tinha. Criatividade única. Desenhava e escrevia como ninguém alguma vez tinha visto. Era o promissor escritor, diziam alguns eruditos. Infelizmente para Lutor, os intelectuais formados em grupo dificilmente deixam entrar alguém no seio da sua arte, com medo de os exceder, criticando o por isso sempre que podiam, mesmo sem razão, em gozo ridículo entre eles. Eram portanto elitistas e Lutor não pertencia a essa elite. Teria de ter alguém que o apoiasse. E esse alguém não existia. Nunca se interessara por politica. Apenas por arte e escrita, por histórias e por coisas antigas e poesia bela, capaz de retira-lo da sua realidade inútil, da sociedade vaga onde vive.
Selene veio recebê-lo, alegre e nervosa, à sua varanda de portadas amarelas e brancas. Lutar foi puxado por Selene para dentro do quarto, para ninguém o ver. As portas fizeram som nenhum a serem fechadas e estavam sozinhos no escuro, apenas com a luz do candeeiro da rua a iluminar ligeiramente o quarto pelas frinchas das portadas.
Beijaram se com toda a força e deram depois uma abraço forte e longo, para se certificarem que não era um sonho, que se encontravam mesmo ali, juntos. Deitados no tapete bege do quarto, trocaram novamente olhares e deleitaram se no amor que tinham um pelo outro. Após momentos de amor inebriante, deitados um ao lado do outro, abraçados, no quarto de tons pastel de Selene, decorado pelos pais e feito tudo a pensar a suposta personalidade que a sua filha teria, conversam sobre eles e sobre o futuro. Os quadros de Selene empreitam ao longe, no canto do quarto, com tons negros e assustadores. As mãos dela ainda tinham restos de tinta que não saíra. Os seus pais odiavam isso. Não era de senhora, como diziam tantas vezes. Mas ela não se interessava por isso e gostava de os irritar dessa maneira e de outras mais.
Lutor falou lhe das imensas escritas que tem escrito a pensar nela. Nos poemas cheios de amor e carinho mas também medo de a perder e de ficar novamente sozinho, apenas com os livros e os fantasmas que o assombram. Selene diz lhe tudo o que ele quer ouvir. Que vão ficar para sempre. Que serão um do outro para sempre e nada os afastará. Nem que tentem muito e tudo se destrua numa bola flamejante. Estarão juntos na mesma. Sempre. Sempre disse ela varias vezes e a palavra colou se à mente de Lutor, como uma folha molhada numa janela, esgotando o seu pensamento. Era isso mesmo que ele queria, não tenham dúvidas. Era ficar com Selene para sempre.
A conversa continuou, durante noite dentro, falando sobre arte e escrita, falando sobre a arte escura e verdadeira de Selene e sobre a escrita amedrontada mas genial de Lutor, uma conversa cheia de recantos escuros, tal como os quadros dela. E de como quando Lutor fosse um escritor reconhecido ele iria levar Selene para perto dele, longe daquela cidade cinzenta, e ela poderia expressar se artisticamente e ser livre. Percebiam se e conversaram por isso horas e horas. No dia seguinte, de manha cedo, Lutor saltou da varanda para as sebes e depois para o chão. Sem medo de se magoar porque se sentia o melhor. Estava cheio de sono, não tinha dormido nada e tinha por isso as olheiras de quem tinha passado a noite em claro. Ele dizia aos pais e aos poucos amigos que tinha ficado em claro mas sim a escrever e a filosofar. Era o seu trabalho, dizia, e não escolhe hora de chegada a inspiração, arrematava a seguir. Todos acreditavam e ele ria se, orgulhoso, do seu poder diplomático.
Na sala enorme, nessa mesma manha, passado pouco tempo da saída de Lutor. Os pais de Selene, ilustres mesmo ao acordar, sentados nos sofás de veludo, falavam da sua filha e do futuro da mesma e consequentemente do seu. Falavam e tagarelavam, sem nunca sair do mesmo tema. A filha. Comentavam que Selene era simplesmente muito rebelde. Que as suas artes não seriam bem vistas por todos da sua classe. Que ela teria de casar se com um jovem nobre, de uma família amiga e rica. Mais rica do que eles, quem diria! Sabiam da existência do jovem Lutor. Os seus espiões já lhes tinham informado da sua existência e não estavam contentes. Um desses mesmos espiões interrompe a conversa de forma intempestiva, com informações recentes e interesseiras. Informou os então que Selene tinha passado a sua noite com Lutor, mesmo ali no quarto dela, debaixo dos seus olhos. «Eu vi-o a sair do quarto dela hoje bem cedo, despediram se com um beijo longo e apaixonado», disse o espião, sempre olhando para o chão. Os olhos côncavos e negros, em contraste com a sua pele branca, do pai, arregalaram se de horror e ódio. Começou a pentear a sua barba branca com os dedos longos e mortificados de branco, de unhas longas e tratadas. A cara estreitou se com o apertar dos maxilares, enquanto pensava o que fazer. A mulher esperava o que sairia da mente do seu marido, tal como qualquer mulher submissa faria. Olhou de esgar para o espião e depois largou um suspiro de preocupação, agora que a sua filha não escaparia do ódio do pai.
Ele levantou então, com a bengala na mão e mandou o espião juntar três rufias quaisquer para dar uma lição ao rapaz impertinente que tenta roubar lhes a filha querida. A ela o que lhe aconteceria? Um castigo mais sentimental. Não poderia falar com ele, mesmo que passassem à sua frente. Estaria agora sempre vigiada e seria obrigada a fazer o que lhe mandam. Lá fora a chuva começava a cair e a lama lá fora sujava todos o que nela andavam por necessidade.
Lutor não conseguia esconder a sua alegria durante o dia que se prolongou até ás onze, quando se foi deitar. Escreveu imenso, poemas lindos e cheios de loucura de amor.

«Na noite inebriante de prazer indiscreto, o meu mundo colapsou.
Foi o fim e o início, a primeira cena e o genérico final.
A linda mulher de padrões magnéticos passeava se pelos meus olhos sem cessar, num carregar de emoções, num enlouquecer de sentidos.
Mas que diabo a colocou no meu caminho tão auto centrado?
Mas que louco me derrotou neste jogo de passos coordenados?
O passeio nocturno, de lua a ameaçar cheia mas de tonalidade amarela, compactuava com o seu charme inebriante até me derrotar.
Assisti ao seu corpo celeste brilhar demais.
O desejo que me soltou pensou no seu corpo, o pensamento que me acordou pensou na sua mente curiosa de saber, tal como eu, de tanto que me ensinou, numa só noite, fiquei eu de ensinar em muitas mais breves escapadelas rasteiras.
Demorei a adormecer, pensando na sua beleza, doce querela na minha alma.
Era ela, se não tão distante, que acabaria comigo, de uma forma serena.
Sim, porque é ela.
Sim porque é mulher.
Sim porque foi a escolha sem senãos.
Estou morto, estou vivo, estou alegre, estou perdido no tempo.
É o final de uma jornada. Quando começa outra?
Se for possível concretizar no mundo de barreiras invisíveis que nos percorre constantemente.»

Deitou se e adormeceu a sonhar com coisas belas. Via a vida com tons de vermelho e negro, púrpura e branco pálido. Era tudo gótico estilizado e bonito, perfeito. Seria assim para sempre, ele sabia que sim. Confiava que sim.
No dia seguinte, depois de acordar, Lutor segue para a sua rotina normal. Levantou se cedo e ajudou os pais no seu labor matinal. Depois seguiu para o clube de cavalheiros onde ajudava um velho escritor a escrever, agora que ele não conseguia cuidar das tintas e dos papéis, e muito menos escrever com as suas mãos oscilantes e a sua falta de visão, que lhe toldava tudo. Após essa ajuda, caminhou até casa. Almoçou com a família. Descansou um pouco em casa. Filosofou no pequeno café ali perto sobre a vida e os seus pormenores interessantes. Já final da tarde caminhou serene pelas ruas lamacentas, esquivando se de poças e das carruagens que salpicavam tudo de lama preta.
Perto de casa, distraído no seu mundo de sonhos como costume, não se apercebeu do que se preparava para acontecer à sua volta. Foi empurrado contra a parede e depois agredido com um murro no estômago com toda a força. Foi se abaixo mas umas mãos pesadas e fortes não o deixaram ir. Olhou para cima e viu a figura de três homens, diria mais, homenzarrões mal vestidos que o agrediam continuadamente com socos e palavrões do mais vil encontrados. Caiu no chão, no meio da lama, com o gosto de sangue na boca e sem fôlego nos pulmões. Já nem sentia dores nos golpes, o seu corpo estava cheio de adrenalina. Um deles cuspiu lhe em cima, com nojo. Disse lhe que Selene não é para ele. Que se meta com as prostitutas da cidade, não merece mais. Que se não ouvisse os conselhos sentiria a morte e a morte dos seus aparecer. E a morte não é bonita. O seu rosto branco iria destruir a sua família.
Ali ficou, sozinho, a chorar com dores e humilhação. A pensar no que fazer. Lentamente começou a odiar tudo e todos. Os que lhe bateram, os pais de Selene, os escritores elitistas, a lama com que estava coberto, o mundo e até ele próprio por não ser capaz de fazer mais nada do que baixar os braços. Levantou se devagar, de olhar louco e humedecido e deu passo ante passo até chegar à praça. Lá, com as roupas sujas e ainda cambaleantes, ele viu Selene e seus pais, passeando na sua carruagem, altivos. Selene olhou para ele com um olhar assustado e temente aos pais. Olhou para ele sem alma, cheia de pena, cheia de vontade de o ajudar mas impotente para o fazer. Ele também olhou para ela e viu os seus pais, com um sorriso acutilante, olhar para ele cheio de um orgulho bafiento. Sentiu se tão mal que quis morrer. Arrastou se até casa e ficou lá, horas e horas a olhar para o tecto. Chorou imenso e quis matar tudo e todos no mundo. Bebeu uma garrafa inteira de vinho e ficou se bêbedo e deprimido. Rasgou as coisas que havia escrito para Selene, as coisas bonitas e cheias de amor e escreveu coisas novas, com uma escrita tremida e contínua, coisas cheias de fúria e dor. Adormeceu lentamente, desgastado com tudo.

«Partes destroçando tudo em teu redor.
O meu coração é como cristais frágeis e tu destroças tudo sem pudor.
Peço te ajuda. Peço te que fiques porque me sinto afundar nas areias movediças que eu próprio criei e onde coloquei o meu pé.
Peço te que me dês a mão mas tu vais.
Vejo a tua sombra dirigir se para longe e tu com ela.
Choro enquanto me afundo, cada vez mais.
Sinto o desespero de não ter como fugir, de não ter escape sozinho.
Não!
Sozinho sempre fiz tudo e sozinho farei sempre tudo.
Serei a morte a vida hoje.
Salvar-me-ei a mim próprio, sem problemas ou indecisões.
Desenterro me das areias e caminho sozinho, as areias desfazem se como se fossem nada.
Sigo em frente destruindo tudo o que vejo.
Bons ou maus, belos ou feios, tudo destruído.
Tudo!
Porque hoje e sempre, caminho sozinho em direcção a um caminho longo e árduo. Sozinho nada me mete medo.
Sozinho nada me impede porque sou um colosso negro.
Deixando um buraco na realidade.
Um buraco apenas superado pelo que vou criando dentro de mim, tornando me cada vez mais negro.
Até desaparecer toda a luz em mim e apenas me restar um sorriso irónico na boca.»


A sua raiva era enorme e sonhou coisas horríveis e repletas de monstros e morte. Nessa noite o demónio visita o e conta lhe coisas, coisas más. Um demónio feio, vermelho, pequeno e de orelhas pontiagudas e olhar maléfico. Disse lhe que se quisesse ter Selene de volta teria de destruir todos os que o tentam impedir. Ela quer que o faças, disse ele. O demónio apoderou se dele, disse lhe maneiras de matar e fez lhe acreditar que seria o ideal

Monday, January 12, 2009

Escrita


Sempre protegi a minha mão direita, como adoro escrever.

Agora doi-me sempre que escrevo, devido ao estupido murro, raivoso, que dei quando me magoaste e me deitas-te ao chão com uma poderosa estucada.


Cidade Carmesim


[O frio enche o quarto, eriçando os pelos da minha mao enquanto escrevo isto. um cigarro queima o oxigenio em que toca, queima os meus dedos e os labios, como todo o sentimento o faz tao bem.]


BAM!


Cavaleiro negro...


A cidade carmesim é uma cidade prospera, forte, cheia de vida e de cavaleiros, nobres, gente de habilidade e proeza, honra e força. As suas torres e paredes vermelhas tornam na uma visao fantastica ao longe, imponente, destrutora do mal e impossivel de penetrar. Ela fica depois do deserto, depois das montanhas de gelo, depois do rio azul que corta as lindas pastagens verdes e das casas de pastores trabalhadores e dos seus animais. Longe e longe de tudo e de todo o tumulto que vai vivendo esta terra.

Nesse dia infelizmente, uma força preta encontra os portoes desta cidade e abre os como que partindo um selo antigo que fecha algo de precioso, sem pecado.


Começo a ver dessa forma, na minha cabeça. Vejo o, comendo todos os outros cavaleiros e os seus cavalos que tentam derrota lo na cidade carmesim. Engole todos num frenesim homicida, sem hipotese. Todas as cores das suas bandeiras e das suas roupas desaparecem no fundo preto que os absorve, destruindo todas as suas maquinas de guerra, futeis contra tal poder raivoso.


O cavaleiro coloca se de novo em activo e o colosso esconde se dentro dele.

De olhar assassino e olhos repletos de indiferença pelo que aconteceu, coloca sua espada preta e prateada no chao, no seu ombro e pergunta com uma voz fraca e grave, quase morta:


"Nem todas as legioes deste mundo e dos outros vos salva ou me salva a mim, de que vos vale a pena tentar?"


Wednesday, January 07, 2009

Eu.

Sou...

Ecos do passado.


"Oiço agora a ultima palavra, o ultimo devaneio.
Sou o bater de coração da morte…"

"Agora olho em frente, sem fragmentos de um espelho que me lacerou completamente, não olho mais para o passado, apenas para o futuro.
É assim o rumo da minha nau, e não volto a olhar para trás, sinto sim, á frente, o ar gelado na cara e os pingos salgados da vida. "


"Se as ilusões me derrotam não as voltarei a sentir, nunca mais, nunca…"


"Perdi o meu corcel, companheiro fiel, nas águas frias do rio que passei.
Para isso serviste tu meu fiel protector.
Agora do outro lado lanço a minha lança no infinito, na esperança de atingir mortalmente o destino que é o arquitecto do meu tormento final."

Tuesday, January 06, 2009

:(

I dont feel my soul sometimes...
and it feels like shit...

Saturday, January 03, 2009

Livro


Ninguem pode escrever um livro.

Para que um livro seja verdadeiramente,

Requerem-se a aurora e o poente,

Séculos, armas, mar que une e separa.

- jorge luis borges

Friday, January 02, 2009

Vermelho e Preto


Vejo a vida em tons de vermelho e preto,
púrpura e branco pálido
Percorro os corredores das casas, entre elas,
nas ruelas sujas e imundas com os ratos e os pobres.
Encontro o melhor cutelo que me poderiam arranjar.
Afiado e perspicaz.
No dia seguinte entro na cidade e começo a minha jornada de vingança.
É agora, diz o demónio, e eu respondo:
“Com certeza.”

Thursday, January 01, 2009

Caixa de sentimentos.

"Choro… e os pingos salgados caem em cima do teclado.
A musica triste passa atrás, enchendo o meu quarto de som que não os meus sobejos de desespero, por estar perdido mais do que alguma vez pensei.
Não gostem de mim, por favor. Olhem apenas para o acidente que sou e continuem em frente, peço vos. Fujam de mim, todos o fizeram, vá lá, façam o que vos digo, vou magoar vos. Sou horrível.
Choro mais um pouco
E choro mais
E não sei que fazer"

- in past self.

Flames


"O mundo lá fora, pelas grades da prisão parecia ser o mais cinzento de sempre. A morte planava sobre todos e o medo fazia com que tudo fosse horrivelmente feio e murcho. A flor mais bonita do mundo pareceria um mero ramo seco naquele momento de desolação para todos naquela sala escura e molhada, onde nem os ratos aparentavam querer morar a não ser para comer um ou outro osso com carne apodrecida que explanasse o seu cheio por todos os túneis. As passadas longas no corredor ecoam pelo ar, sufocando o ambiente e deixando tudo ainda pior e mais negro. Tinha se passado uma noite naquele chão duro e cheio de humidade e as horas dormidas foram escassas, as poucas dormidas foram cheias de sonhos horríveis e pensamentos devastadores sobre os monstros horríficos que devoravam os seus ossos."

Fantasma.



Quem olhará para este cavaleiro com olhos de gente, se é que lhe podemos chamar de cavaleiro…
Renascer e recomeçar é difícil, diz o mundo com veemência. Não vais conseguir, és um ser partido em dois que se comeu um ao outro e agora é esse pedaço de mal que anda sozinho.
Olá amor, felicidade, esperança, honra, coisas boas. Estão adormecidas no meu coração. Sem razão alguma.

Porque me tentas salvar com aconchego se não chego para ti, floco de neve? Se sou um pedaço de pessoa. Se estou dividido, partido, como lhe quiseres chamar.
Sou uma ideia, um filamento, e existirei enquanto pensarem em mim. Quando deixaram de acreditar de mim como eu fiz eu vou desaparecer sem que ninguém perceba.

Cuspo todos os monstros que te comi. Se pudesse retirava te todos os sonhos que te dei, comia os e nunca mais os vias, depenava te de tudo e ficavas ao frio, a ter de sair de tudo sozinha, para cresceres e aprenderes como aprendi.
Todos.
Não os mereces.
Só mereceras ser feliz quando um dia deixares de deixar os outros infelizes e eles te perdoarem.
Até caíres dessa cadeira alta que fizeste para ti.
Até deixares de ver o amor como algo que te suporta mas sim algo que nos faz ser melhor. As pessoas não são escadas que possas usar para subir nem pedras que possas usar para atravessar o rio.
Até pedires desculpa com sinceridade, com acções.
Viúva negra, és tudo menos uma borboleta ou fada, és uma aranha que come os parceiros de quem se aproveita com força vital.
Suga tudo, um dia isso tudo vai te sugar com força, fazer te fantasma.