Wednesday, April 25, 2007

Objectiva



Mostraste te como és a mim e eu balbuciei meia duzia de palavras sem sentido.
Olhei pra ti como querias que olhasse.
O teu laço mostrava uma certa crianciçe atraente,
mas a tua posiçao mostrava poder de seduçao, olhar que queima.
O branco da tua pele chamava me como me querendo prender em prazer indiscretos.
Senti que te sentia, mesmo do outro lado da objectiva.
Senti que eras minha naquele momento mais que em qualquer outro.
Senti que te queria mais do que em qualquer outro momento.
Que estaria por debaixo das roupas que vestias,
atrás desse laço fechado e sentimento de vergonha.
Descobri entao que era teu e o meu corpo procurou o teu, sem cessar, louco.
Quando te encontrou finalmente foi um rasgo de poder que nos assolou e entao,
toda a vergonha desapareceu e toda minha duvida pereceu.

Sunday, April 08, 2007

Rosa Violeta



Tremi no meu renascimento.
Pareceu durar uma eternidade.
De semblante triste andei por caminhos cruzados.
Com quem me cruzei levei um bocado.
Todos esses bocados serviram para me tornar quem eu sou para ti,
para te encontrar e agradar,
para te abraçar e reconhecer uma força da qual nao sou rival algum,
mesmo quando a raiva me dá o poder que necessito para combater até os maiores rivais.
No meu oraculo prevejo o futuro que me vai alcançando devagar,
como uma perseguiçao sem escapatória á vista,
onde o destino me arquitecta sonhos estranhos de novelos de vidro laminado.
Se da minha alma saiste tu num inicio distante,
reconheço as cores e fico rejubilante de te ter encontrado,
mesmo com uma viagem dificil antes de tudo,
mesmo com saltos e quedas, com corridas sem chegadas.
Se for o contrario fico feliz de me teres encontrado,
porque estava escondido por detrás de uma fortaleza aparentemente intransponivel,
uma onda vagarosa de negrume preto como o carvao de uma fornalha apagada.
De qualquer forma sou teu e já o era antes,
mesmo quando nao sabia e tu me desconhecias qualidades na minha forma decrepita de andar encostado ás paredes e de espada antiga na mao cansada.
Se sou a noite serás a minha madrugada e esta será uma com lua cheia,
para te iluminar a mim e a ti e para que nunca nos percamos novamente.
Obrigado rosa violeta.
Que a tua cor nao desvaneça.

Ontem


Ontem senti me ansioso, com vontade de chorar por ter saudades, por necessitar de ti ao meu lado. Senti me cansado, tive uma quebra de tensao, quis adormecer para sonhar contigo. Sinto a tua falta nos dias frios, nos dias quentes e no resto dos dias. Sei que estás aqui, mesmo longe, mas nao é o mesmo como já me disseste. Continuei a tentar distrair me e consegui o com muito esforço. Nao foi facil. Continuei ligado a ti como durante as horas anteriores. Imaginei te a entrar dentro do bar, pela porta principal, a surpreenderes me. Imaginei o abraço que te daria com força e o beijo seguinte. Imaginei os olhares das pessoas em volta ao verem tao apaixonado casal, sem pudor, mostrar se vulneravel. Nesse momento, até correria contigo, por mais parvinhos que parecessemos...

Tuesday, April 03, 2007

Ecos de Veemência




Sinto o meu coração latejar em mim vezes num segundo de saudades.
Sinto a minha alma sair e vaguear sem destino.
Todo o meu ser procura te, insaciável.
Encontro me num beco escuro de tijolos laranjas e frios, com uma saída possível.
A de dar te a minha mão e partir contigo para sempre.
E tomo a sem receios nenhuns senão os de não saber voltar para trás se alguma vez tiver de o fazer, porque motivo seja.
Quedo quieto no teu regaço, expectante das tuas palavras nuas de medo.
Quero sentir te hoje, amanha e depois.
Quero saber que se existo é porque tu olhas para mim e sentes amor.
Porque amo te e não tenho medo de o dizer.
E mesmo que morra no final, cravado com as setas que lancei, serei sortudo por ter estado em uníssono contigo nesta vida, em anteriores e nas depois.
Porque o amor não tem barreiras de tempo ou espaço.
Porque perdura era e eras se for forte o suficiente.
Sou teu sem duvidas algumas.
E assim será na eternidade, no eco que as batidas do meu coração farão quando me negarem o que pelo e elas destruam qualquer barreira.
Que vá para o raio tudo o que me tente impedir de estar contigo, porque será apenas isso, uma tentativa falhada.

Monday, March 26, 2007

Mulher mordaz.



Na noite inebriante de prazer indiscreto, o meu mundo colapsou.
Foi o fim e o início, a primeira cena e o genérico final.
A linda mulher de padrões magnéticos vermelhos passeava se pelos meus olhos sem cessar, num carregar de emoções, num enlouquecer de sentidos.
Mas que diabo a colocou no meu caminho, tão auto centrado, e me fez pensar noutra pessoa?
Mas que louco me derrotou neste jogo de passos coordenados?
O passeio nocturno, de lua a ameaçar cheia mas de tonalidade amarela, compactuava com o seu charme inebriante até me derrotar.
Assisti ao seu corpo celeste brilhar demais.
O desejo que me soltou pensou no seu corpo, o pensamento que me acordou pensou na sua mente curiosa de saber, tal como eu, de tanto que me ensinou, numa só noite, fiquei eu de ensinar em muitas mais breves escapadelas rasteiras.
Demorei a adormecer, pensando na sua beleza, doce querela na minha alma.
Era ela, se não tão distante, que acabaria comigo, de uma forma serena, sem resistência aceitaria a minha queda, se assim fosse, em seus braços carinhosos.
Sim, porque é ela.
Sim porque é mulher.
Sim porque foi a escolha sem senãos.
Estou morto, estou vivo, estou alegre, estou perdido no tempo.
É o final de uma jornada. Quando começa outra?
Se for possível concretizar no mundo de barreiras invisíveis que nos percorre constantemente.

Ode à saudade e ao reencontro.



Saí pelos grandes pilares que me assombraram com a sua eterna sombra.
Levei os meus sonhos comigo, contente por deixar marcas por onde passei.
Fui eu, fui outros, fui todos.
Senti, sentiram me, ecoei pelas ruas estreitas e irregulares com os meus gritos nocturnos.

Aprendi e ensinei, passei aprendizagens e os meus aprendizes ensinaram me muito.
Amei e fui amado, bati me e fui derrotado.
Levantei me sempre e venci, mesmo que completamente destruído aos olhos das sombras que me sobrevoavam.
Venci todos os meus adversários, mesmo de espada sempre embainhada.
Caminhei em paz pelas pedras antigas que se escondem por debaixo do cascalho sujo. Senti os meus antepassados vivos em mim, e vivos nos outros, mesmo sem o saberem. Conheci homens valorosos, homens temíveis, homens admiráveis.
Conheci mulheres inacreditáveis, mulheres traiçoeiras, mulheres ofuscantes.
Bebemos todos da mesma taça que sabedoria que nos alimenta.

Conheci a.
E sem sentido, onde apenas luzes ténues atravessavam o meu deserto escuro e frio, apareceu o trilho do meu contentamento.
Troquei sentimentos, observei atentamente os pormenores angustiantes do seu comportamento puro e vi a evoluir durante a convivência.
Surpreendeu me, mesmo quando pensei saber demais.
Assustou me, mesmo quando pensei saber sentir.
Olhou me nos olhos e perdi me nos seus.
Sem saber rolei os dados, sei o, mas nunca soube o que sairia dos mesmos.
Nas suas saliências numerais saíram probabilidades das quais nunca imaginei.
Agradável o dia em que me cruzei com o tolo e o fraco de vontade e conheci o falso profeta, o cultista dos números e a mulher de potencial interminável, vestida de negro púrpura.

Este chamamento corta toda a minha alma.
Fechado numa encruzilhada, tento me dividir entre muitos, sem o conseguir sempre.
O que te pareceram meses a mim pareceram muito mais para descrever.
Sou como o cavaleiro, forçado a andar em frente mas sempre a olhar para trás.
Tenho a certeza que existirei para sempre, de uma maneira ou de outra, e esse sempre ecoará o teu nome, para me adormecer satisfeito.

Fortaleza da Lança



Assisto ao decorrer da fita sozinho, sossegado, sem nada a perder senão a segurança uma vez mais. Mas não, não sairei deste rochedo onde me prendo, mesmo sofrendo de dor.
Serei para sempre uma estátua obscura.
Um corte na pele que dói mas não sangra.
Sou eu, sou a loucura nos meus olhos e a raiva que me move num instante.
Sou um calor que faz queimar lentamente, até crepitar.
Não abrirei os meus portões até ter certezas de quem me bate nestas madeiras duras que eu próprio ergui.
Continuarei sozinho na praça vermelha, arrancando folhas ao salgueiro, até não haver nenhuma, mas ainda falta muito tempo.
Serei eu o cavaleiro errante contra a bruma?
Conseguirei eu bater em sombras?
Será a minha lança dourada longa o suficiente?
Será que vou fazê-lo sabendo do risco?
Continuarei a ser um pombo, por enquanto, daqueles que ninguém repara realmente. Serei um pormenor da paisagem, uma vírgula no poema, uma onda no oceano.
Porque gosto de ti, mais nada. Nada tão intenso como a raiva que sinto, mas talvez o será, ou mais ainda.
Porque gosto de ti, mas confiança é uma lâmina de dois gumes. E já me cortou a meio antes. Demorei imenso a agarrar os pedaços.
Porque gosto de ti, mas tenho de te ver e tocar para saber o que sinto.
Porque gosto de ti, mas o meu coração é confuso e não conhece mais nada do que a raiva.
Porque gosto de ti, mas os casulos de fio de aço não abrem assim tão facilmente.
Porque neste momento tenho a minha fortaleza e a minha lança e sinto me seguro.

Chorar de desepero



Apetece me chorar de desespero. Queria estar contigo, que a minha vida fosse outra que não este marasmo do dia a dia. Que final isto vai ter?
Sinto novamente o vazio. Parece que por mais que consuma não o consigo preencher de maneira alguma. E vem o choro novamente, sem sentido. Não estou sozinho, estou contigo, mas o urso perdido na floresta é a melancolia da minha dor.
Não tenho motivos para estar deprimido mas o estou, e tenho de aguentar, aguentar e aguentar mais um pouco sem fazer um som que seja nesta caverna escura. Sei que tentas compreender mas fazes a mínima ideia da força destas raízes do negrume que me assola. Volta o choro e desaparece mal escrevo estas palavras porque desabafo finalmente.