Tuesday, January 13, 2009

Corvo e Peixe.

Old Story...


Ventania de noite, alma de desespero. No fundo do rio que me afoga vive um peixe negro como o carvão que assusta todos os pescadores. Rompe as suas canas de pesca, os seus ossos quando caem e a as suas esperanças.
Esse peixe solitário vivia longe de tudo e de todos e qualquer outro peixe ou ser que se aproximasse era afastado. Ninguém sabia o porque, já acontecia há tanto tempo que ninguém se lembrava da origem do seu negrume e maldade.
Um dia, saído do fundo negro do lago, do lodo protector, o peixe negro conheceu um corvo negro que debicava nas águas do lago. Sempre que o peixe o tentava magoar ele se afastava com as suas asas e voltava a debicar no lago, contra a vontade do peixe. Começou a conversar o corvo então, com o peixe que não sabia o que dizer.
O corvo vivia no ar e nas árvores, sempre sonhador, no azul do ar e no verde das árvores de fruto. Só conhecia o doce e o quente do seu ninho. O peixe apenas conhecia o frio e o escuro do fundo do lago.
Confraternizaram os dois durante muito tempo. Contaram a cada um as suas vivências e as diferenças. Tinham a mesma cor e igual potencial. E juntos acharam então os dois em uníssono, seriam invencíveis e apaziguariam a dor um do outro. O corvo ensinou ao peixe o azul do céu e o verde das árvores e como os frutos são doces como a vida e como é bom ter companhia da floresta. O peixe ensinou sobre o negro confortável do fundo do lago e a liberdade de ser independente e de conseguir afastar as ameaças sem remorso de mais.
Hoje vivem os dois perto um do outro. O peixe quase nunca está no fundo do lago e sim perto da margem, sempre a olhar para o azul do céu e até já está menos negro, por causa do sol quente. O corvo já não voa tão alto e já não se afasta tanto para o mundo dos sonhos dos ventos do céu. Fica mais perto do lago e do peixe negro.

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