Saturday, December 26, 2009

Alusão ao presente



O amor a mim pouco me diz senão que te amo.

Diz-mo no ouvido,

Um suspiro,

E lentamente me alimenta,

Céptico assombrado,

Intelectual do coração.

O que me dás apenas te posso dar de volta,

Um agradecimento ou um sentimento,

O mais puro dos puros,

Mesmo que regrado.

Uma entrega mesmo que contida,

Pois da fonte que me rega existem apenas velhos senhores,

De caras rigídas cinzentas,

Que enviam água e luz num fluxo lento mas estável.

Tão estável como o sol e a lua,

Tão estável como o meu amor.

Acordar



O fundo do vaso é um vazio.

Peixes gordos sumarentos,

Vermelhos como o fogo,

Mexem-se sem água,

Perdidos insolentes.

Num jardim verde em volta,

As árvores dançam acompanhadas,

Á musica de passáros iluminados,

Paradisíacos e tenazes.

A terra é uma simbiose com a erva que lhe pertence.

E chega a noite,

E chega o mundo, realidade.

A realidade acomoda, enche de nervos.

As pupilas enrrigessem,

Os dedos apertam o vaso e num movimento fusco o parte em pedaços,

São muitos e muitos, e não param de partir.

E são tantos e tantos e não param de me atormentar.

Os peixes morrem, assustados,

Os passáros param desconfiados e as árvores temem, sossegadas.

O silêncio instalado indica o terminar,

O terminar dum conto,

O arder da fantasia.

Passado dos Dedos



Alarmismo nos meus dedos, quando toco na guitarra.

O passado percorre os meus dedos, o sentimento dilacera, a sua força cria ideias e liga sistemas.

O passado do meu quarto é tão doloroso como caloroso no meu coraçao,

E será assim para sempre enquanto as paredes do meu quarto e casa estiverem em pé.

Se for pelo amor que sinto por ela, estão sólidos.

A dor que permanece fechada cuidadosamente num quarto onde raramente vou e vão os meus,

É o meu antigo quarto, o meu antigo passado, o meu antigo eu e os fantasmas que lá habitam teimosamente.

Recuso-me a dormir lá pois é frio e é ruina.

O local sobeja de choro e ridiculismo, misturado com prazer e momentos únicos da vida.

E é a minha nova parede preta que me ilumina, curiosamente, a mudança que me mostra é uma liçao de vida angustiante, mas necessária.

O passado atormenta, atormentará sempre como um racha na parede que não podemos arranjar,

Uma conformidade da vida que tento combater, mas cuidadosamente, sabendo dos perigos e dos avanços e recuos.

É o passado que me faz viver, mas que me lembra igualmente do que é morrer.

Monday, November 30, 2009

Nova página.



Haviam passado anos desde o último embate de forças e o terreno de fantasya estava ainda com marcas do combate, a cratera negra do colosso ainda marcava a sua existência. A sua negritude havia se apoderado do chão, da carne, arvores e casas naquela zona. A mancha, como lhe chamam agora. E ninguém se aproxima, com medo de ser comido, devorado.



Na torre marfim o olho do cavaleiro olhava a zona, ainda abalado pelo embate há anos atrás. A sua espada partida, a sua lança preta e perdida, a coragem ali ao lado segurava-lhe a cabeça, contando-lhe esperança. O som vago do violino na costa ecoava pelas praças de pedra refeitas.



O pulsar do coração do bardo era audível a metros de distância, de uma sala para a outra, enquanto o monstro inquisidor lia os livros da biblioteca do bardo, sem sequer parar para piscar os olhos, agora mais humanóides

Dança Mortal



Se és de pedra eu sou de aço,

caido da fornalha e quente de maldade.

Sem medo de abrir, de embater a carne,

preto e enjoado, laminado e atiçado

A noite calejante, olha para mim de solaio,

fruto de passados epicos e nunca esquecidos.

Lua cheia, mar calmo e humidade no ar,

o frio calmante, entorpece te a ti e a mim,

tornando esta dança lenta, mas mortal sem erros.

Friday, September 04, 2009

Dust

Foto: Danny Rangel

O cavaleiro mexeu um dedo e depois o outro. A guerra tinha sido dura e os claroes de luz criados pelos embates de espada ainda reluziam nos seus olhos, piscando os avidamente. Olhou pro céu e ele tava azul claro, com nuvens brancas limpidas a passear. Um passáro verde parou ao seu lado, no ramo da árvore morta da fortaleza, e o cavaleiro reparou que uma folha tênue crescia nesse ramo. O pássaro arrancou-a e levou-a com ele, para longe, por motivos seus. O cavaleiro respirou fundo e pensou no que havia passado. No combate contra o colosso, contra o coragem, contra o desilusão. Como percebera no final que eram todos partes dum todo.


Agora tinha uma lança nas suas maos, mas uma armadura dourada nos ombros, um cabelo prateado, os olhos pretos, profundos. Começara algo, e iria acaba lo.

Ocre

Foto: Danny Rangel


Sou fruto de um universo negro que me perdura
Uma mancha desbotada na noite
Cinzenta, umas vezes azul, raramente amarela
Como as luzes da noite
Do candeeiro no fundo da rua
Cheio de traças energéticas, mortiças.
Inebriantes naquele momento apenas
Pois no seguinte estarão mortas

As personagens da história se fundem na inicial
Refúgio da fortaleza é aberto novamente
E a arvore seca na praça recebe o inquilino
Um sorriso de contentamento
Tudo é cinzento
Tudo é preto
Tudo é ocre
Tudo sou eu, e eu sou nada.

Uma fuga desconexa
Uma fusão de individualismo
Uma queda controlada
Uma negritude escondida
Uma mão que procura ajuda
Outra que a segura
A solidão que me desprende da vida
Volta e vai, como ondas num mar calmo
Outrora bravo
E ele vence.

ranigamI - Imaginar

Foto: Danny Rangel

Esta casa rouba me a independência, esta vida rouba me a vontade. A facilidade desta vida torna se uma activa facilidade de apenas existir, o que cria medo de sair, de viver. De poder imaginar. Imaginar é como queimar, o cérebro queima com uma luz tão intensa que nos tolda o pensamento racional, que se torna difícil as palavras acompanharem o raciocínio, tal como agora comigo. O fluxo é enorme na minha cabeça, como o sol de um mundo vivo a reflectir sobre um mundo morto, num universo paralelo bastante distante. E tudo o resto é fumo, que advêm do fogo da imaginação. Desde o mais pequeno engenho humano, à mais simples obra de arte, é tudo imaginação. A matemática é imaginação, a biologia é imaginação, tudo é imaginação de algo. As palavras que escrevo, cada uma, cada letra, são imaginação. São criação imaginativa do homem comum e incomum. Um devaneio que julgamos ser racional quando na verdade é só imaginação. Imaginamos o mundo de forma matemática pensando que o estamos a prender sobre regras imaginativas. Números e processos que explicam algo, números que imaginamos e criamos, criação humana. E existe, existe porque foi imaginado. Quando imaginamos algo criamos algo. Criamos uma ideia, uma imagem, um número, um mundo, uma pessoa, um nome, um animal, uma palavra, uma atrocidade ou uma vida. O meu devaneio acaba assim, agora, com um belo e estrondoso ponto final, um ponto final imaginado, que apenas termina a frase porque alguém imaginou que pudesse ser assim e criou essa regra, regra essa que colectivamente seguimos cegamente, por vontade própria, pensamos, ou será isso também uma imaginação? Imaginamos que somos livres e somos, e ainda bem.

Thursday, April 23, 2009

I weaped today.

From the play

I dreamed a dream in time gone by
When hope was high,
And life worth living
I dreamed that love would never die
I dreamed that God would be forgiving.

Then I was young and unafraid
When dreams were made and used,
And wasted
There was no ransom to be paid
No song unsung,
No wine untasted.

But the tigers come at night
With their voices soft as thunder
As they tear your hopes apart
As they turn your dreams to shame.

And still I dream she'll come to me
And we will live our lives together
But there are dreams that cannot be
And there are storms
We cannot weather...

I had a dream my life would be
So different from this hell I'm living
So different now from what it seems
Now life has killed
The dream I dreamed.


Les miserables. I dreamed a dream.

Wednesday, April 22, 2009

Dark Colossus tale by Fyndholle.


O colosso negro, força imensurável de poder macabro, controlava depois de uma longa guerra contra as nações que foram sendo por ele confrontadas, uma grande porção de terra de onde eram antes os reinos nobres de Fyndhorn. A queda deles levou há morte e negritude de todos os ideais um dia portentosos do mundo livre.
Fyndhorn, o bardo, resistente ao massacre, sobrevivente ao mundo negro que se apossou de tudo o que dele era, não havia sido apossado do seu ser livre e da sua música libertadora de contos antigos. Os seus longos cabelos púrpura reflectiam naquele momento as chamas da fogueira latejante, as suas vestes verdes lembravam as bravas florestas intangíveis daquele mundo antigo, de onde as ruínas lançavam ecos de velhos fantasmas, zangados com o seu destino. Chamavam lhe a seta verde por ter sido destinado à liberdade, o bardo Fyndhorn, o bardo das lendas.
- «Vinde sentar-se há volta desta fogueira, aventureiros. Hoje contar-vos-ei a história do colosso negro, mas sejam pacientes, pois começa lentamente, tal como a sua morte.» – Disse o vagabundo dos cabelos púrpuras, o bardo das lendas, a seta verde.

Monday, April 13, 2009

Darkness


Where once was light

Now darkness falls

Where once was love

Love is no more

Don't say goodbye

Don't say I didn't tryT

hese tears we cry

Are falling rain

For all the lies you told us

The hurt, the blame!

And we will weep to be so alone

We are lost

We can never go home

So in the end

I'll be what I will be

No loyal friend

Was ever there for me

Now we say goodbye

We say you didn't try

These tears you cry

Have come too late

Take back the lies

The hurt, the blame!

And you will weep

When you face the end alone

You are lost

You can never go home

You are lost

You can never go home

Tuesday, April 07, 2009

Os velhos amigos


E a raiva flui outra vez.
Por um lado sabe tao bem sentir outra vez, principalmente porque me dá forças interminaveis, ao contrario da sinceridade e sensibilidade que nos fazem parecer coitadinhos e que fazem com que se fartem de nós.
Isso já passou, tenham calma.
Foi um devaneio.
Tanta raiva e tanto odio aqui contido, é mais facil deixa lo sair e dar me forças, correr nas minhas veias, comer tudo á frente, como uma droga.
Oh, que saudades tinha eu de ti odio e raiva, amigas de longa data e armadura compenetrante, picos defensivos.
Venham tocar me agora, por favor, desfaço tudo como sempre fiz, e nem sei muito bem porque deixei de o fazer.
Por favor, venham agora, só pra eu ver outra vez a explosao que acontece normalmente quando o tentam.
Largam me risadas, cerro os dentes com força a berro por dentro, com tanta força que sangra me o ser com respulsa das pessoas.
Forço tudo a que se perca em pedaços, apenas por que foi o unico caminho que me permitiram percorrer, que me deixaram escolher.
A solidao foi dificil sem voces amigos, odio e raiva.
Sejam bem vindos outra vez a mim.

Sunday, April 05, 2009

Falcon song.

Far far above the clouds soaring with the wind
A falcon flies alone silent as the sky
I hear his lonely cry
Never can he rest
I walk with you along an empty winding road
We're far from the ones we love and never can return
Never can we see again countries of our birth
When will I ever find a place to find my home?
Sadness circling like a falcon in the sky.
When will I ever find a way to speak my heart,
To someone who knows what it is to be alone.
Far far above the clouds against the setting sun,
A falcon flies alone silent as the sky,
I hear his lonely cry never can he rest.
I long to spread my wings and fly into the light
Open this lonely heart to one who understands
When will i ever find a way to speak my heart
When will i ever find a place to call my home?
Sadness and loneliness a falcon in the sky
When will I ever find a way to speak my heart,
To someone who knows what it is to be alone.

From tales of the earthsea

Lone Lost Traveller


Found a way to rid myself clean of pain
And the fever that's been haunting me
Has gone away
Looking through my window
I seem to recognize
All the people passing by
But I am alone
And far from home
And nobody knows me
Never heard me say goodbye
Never shall I speak to anyone again
All days are in darkness
And I'm biding my time
Once I'm sure of my task I will rise again

Monday, March 30, 2009

Pânico

O pânico.
Sempre o mesmo pânico a perseguir-me constantemente.
Detesto o pânico, a ansiedade, o medo e sentir me tão pequeno nesta realidade em que vivo que me sufoca de uma forma cruel.
Por isso criei a crosta dura e preta que é o colosso, que normalmente me protegia.
Mas o amor dos meus amigos fez o definhar e não o consigo utilizar mais.
Amo os meus amigos com tanta força que poderia arrebentar estrelas para chegar a eles e os proteger.
Não vos quero deixar, mesmo que temporariamente.
São tudo para mim e sempre foram, mesmo que o esquecimento me tenha feito afastar por momentos, eu sei que vos adoro a todos e estão no meu coração, por mais pequenino que ele ande ultimamente.
Não quero odiar, não quero. E por isso sofro.
É esse o preço de não ter o pilar do ódio para me suportar.
Tenho de compreender que no final do dia estou sozinho, sem ninguém a quem recorrer senão à minha própria independência, ao meu próprio amor e ele tem de ser forte para que não me deixe ir abaixo, para que não me sufoque ao ponto de não querer viver mais, mesmo que seja apenas um pensamento pequeno, como uma veia latejante que suportamos durante o breve momento em que ela lá está.
Procuro sempre o amor nos olhos de outra pessoa, aquele que não encontro nos meus, a intensidade, a chama que me retire do marasmo obtuso que é a realidade.
Porque preciso eu de um abraço ou um carinho?
Porque me sinto sempre carente e perdido?
Porque penso tanto e desespero ainda mais?
Porque é que as pessoas são todas horríveis e eu, sabendo dessa realidade, continuo a acreditar nela, porque não consigo jogar esse jogo também?
Porque continuo a acreditar e a dar de mim a toda a gente se quando preciso não está lá ninguém para me dar a mão?
E porque, mas porque mesmo, no âmago de todos os porquês e fortes razões, é que tenho tanto medo de desaparecer?
Porque o sinto sequer?
E mais ridículo ainda, porque sinto que me vou rir tanto um dia com isto tudo?

Sunday, March 29, 2009

Quiet

Feelings are Intense,
Words are Trivial.
Pleasures remain,
So does the Pain.





Im Travelling, to strange places.

Wednesday, March 25, 2009

Porcelain

I, lost all I had (one April day),
I, turned to my friends (nothing to see),
I, wrote down a name (and read it twice),
I, wallow in shame.
I, said that I love (eternal schemes),
I, cling to my past (like childish dreams)
I, promised to stay (and dwell my grief)
I, went far away.

I see blood spilled 'neath my feet,
Lead me through wastelands of deceit,
Rest your head now, don't you cry,
Don't ever ask the reason why

Kept inside our idle race
Ghost of an idol's false embrace
Rest your head now don't you cry
Don't ever ask the reasons why.

Tuesday, March 24, 2009

Significados


A noite prolonga-se e o meu sono não vem.
Penso demais nas coisas, anseio por tudo.
Algo não me sai da cabeça desde alguns dias, alguem não me sai da cabeça á alguns dias.
A minha viagem em breve será algo que espero ser benéfico mas por outro lado sinto-me desolado por partir depois de sentir ligaçao com alguém, como já nao sinto á anos.
Deixar tudo em stand by mata-me aos poucos, pensar que estou a perder a oportunidade do sentimento preocupa-me tanto que tenho ataques de pânico.
Quero e não quero ir. Quero que vá comigo.
Quero ficar e poder sentar me num café com ela ao lado, falar apenas, sem mais nada. sentir a pessoa ali, ao lado.
Mas tenho de ir, já não á volta atrás.
Mas a importância da pessoa em questão revela-se assim e agora, porque é ela que me faz não querer ir, e isso significa mesmo muito.
Ela significa muito.

Thursday, March 19, 2009

Cigar


It was that time of year again
When memories placed a smile on the saddest face
And transformed it into an expression of joy
Even as it yearned for a connection
To renew a heart forever broken
It was that time of year again
To rotate his father’s “babies”
And to touch his fingertips again
Rearranging each one
Admiring their supple veins
Maturing to a luxurious golden patina
It was that time again,
A celebration of existence
A reaffirmation that nothing really dies,
That everything is constantly reborn
Even in the bouquet of a fine smoke

Wednesday, March 18, 2009

Angel


"Spend all your time waiting
For that second chance
For a break that would make it okay
There's always one reason
To feel not good enough
And it's hard at the end of the day
I need some distraction
Oh beautiful release
Memory seeps from my veins
Let me be empty
And weightless and maybe
I'll find some peace tonight."

Monday, March 16, 2009

Queda nocturna


Caio em casa, vindo de noites fumarentas e destiladas.
Os meus ombros são pesados, da armadura que carregam, quando apenas as quero tirar e sentir me leve, solto como devia ser.
Sem ancoras do passado ou lamentos do presente, nem sequer embates do futuro.
Poiso o copo, e sinto me perdido, algo desaparecido, numa mar de rostos que não são nada.
Puxo a cadeira e sento me, adormecido.
Podem bater me, insultar me ou fazer me todo o mal possível.
Já não sinto nada, porque estou simplesmente anestesiado.
Sou um corpo acalentado pelo meu proprio pensamento.
Abranda-me, por favor.
Mesmo que morra um pouco de mim.

Sunday, March 15, 2009

Momentos

Lady Eboshi: What exactly are you here for?
Prince Ashitaka: To see with eyes unclouded by hate.

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San, The Princess Mononoke: Why did you stop me from killing her? Tell me while you're still alive!
Prince Ashitaka: I didn't want them to kill you. That's why.
San, The Princess Mononoke: I'm not afraid to die. I'd do anything to get you humans out of my forest!
Prince Ashitaka: I knew that from the first moment I saw you.
San, The Princess Mononoke: And I'm not afraid of you! I should kill you for saving her!
[San turns Ashitaka around, takes out his sword, and aims it inches over his neck]
San, The Princess Mononoke: That woman is evil, and there's no one who can stop me from killing her.
Prince Ashitaka: No... Live...
San, The Princess Mononoke: That's enough! I'm not listening to you anymore!
[prepares to strike]
Prince Ashitaka: ...You're beautiful...

[San gasps and backs away]

San's Wolf Brother: What is it, San? Want me to crunch his face off?

[all stare at Ashitaka for a moment]

Tumulto


“Reality, just like racionality, kills. But slowly.”


Vou para a Alemanha 4 meses
Vou para a Turquia um mês.
Vou estar mais duas semanas em Coimbra.
Vou sentir falta de tudo.
Vou chorar.
Vou conhecer pessoas.
Vou continuar a ter contacto com as pessoas que tenho.
Não vou desaparecer.
Vou voltar a Coimbra depois, de alma pronta.
Vou amar, um dia, novamente.

“I live a life without fear, just consequences that I take willingly, because thats just so.”

E o mundo acaba amanhã…

São 5.03 da manha, e eu ainda estou acordado. Vim de uma noite de copos com o pessoal, mais conversa e menos copos, como eu sou habitual. O dia correu normalmente, com azares fora do normal, mas mesmo assim sendo normal. Com o tempo de vida vamos sabendo viver e aceitar os pequenos azares, e mesmo os grandes, com ou menos esforço, dependendo da magnitude.
Um desses azares fez me ficar a pé a meio caminho de casa, ou seja, 20 minutos a pé por dois km de distância até casa. “Not a problem”, como diria um dos meus ídolos de infância e adolescência. O caminho fez se, e nesse caminho pensou se sobre a vida, como faço sempre que ando, que acho ser sempre um momento meditativo, tal como o banho matinal ou andar de carro, sem musica, apenas a conduzir. Então pensei. Pensei na conversa que terei com uma pessoa esta semana, uma pessoa marcante na minha vida, seja pelos motivos bons, que os houve, como pelos motivos maus que aconteceram sem possibilidade de evitar. Pensei no que aconteceu, no que tenho para dizer, no que tenho para ouvir, no que quero da vida. Não tenho expectativas absolutamente algumas do futuro, nem sequer de amizade ou de bem-estar com a pessoa. Mas não sou horrível, mesmo que o pensem de mim e me tentem convencer de tal, e por não ser horrível movo me para a frente, de encontro ao destino e não fugindo do mesmo. Deixei de fazer isso à muito tempo atrás, para bem dos meus pecados. Assim o fiz, parei e pensei. Olhei para mim e achei que não seria pessoa para fechar me a um pedido de desculpa, se este for sincero. A um pedido de absolvência de pecados cometidos numa relação de amizade e amor, pecados esses que não podem nunca ser cometidos, mas podem ser perdoados. Não me perguntem como, mas é assim que funciona.
Onde um fim aconteceu, pode um início começar. E foi isso que me aconteceu. Não deixarei fantasmas passados assombrarem me nunca, mas não me impedirá de enfrentar o passado e talvez conseguir realizar as pazes com ele. Talvez aconteça, talvez não. Talvez. Felizmente não defino a minha vida com esse acontecimento, nem com essa paz com o passado, porque o futuro e o presente são que me dão o mundo. E agora vou dormir um bocado, que o amanhã me espera. E o dia depois e depois, “and so on.”

“Yes, I was there, when no one else held your head above.”

Thursday, March 12, 2009

Alone

Os Ramp, uma das minhas bandas de eleiçao de sempre, tocaram hoje em coimbra e eu estive lá, como é claro apoia los. Eles merecem. E esta musica diz muita coisa.


I, feel the time, slowly drifting in my veins
Memories, remains.
Confined, I’m alive, somewhere by the autumn leaves
Falling in between ‘Cause no one's there to hold my head up high
no one's there to peace my mind
Alone lies my soul I'm so cold, I'm afraid
To find hollow life
Sleepless nights, empty days
Opaque fading eyes stumble in my face
Through the crowd I forsake
Demised I’m aside weaked by the lonely haze
Of no point, no aim ‘Cause no one's there to hold my head up high
no one's there to peace my mind
Alone, I'm afraid
To find hollow life Sleepless nights,
empty days Alone…

Sunday, March 08, 2009

Reflexo Humano.

Um dia fui assim. Orgulhoso e malévolo. Olhava para o mundo de forma irada, esperando que tudo explodisse à minha volta, em milhões de partículas de desespero. Via o mundo negro, escuro, mas tinha esperança, queria que fosse tudo melhor, queria que o mundo observasse o que ele é e visse que é natural sermos cruéis, horríveis, porque somos humanos. Hoje sei que é essa a verdade, após muita luta, muito horror que se passou comigo e à minha volta. Sou produto do que vivo e viverei, do que me fizeram e fiz. Por vezes choro, é verdade, choro porque o impacto que o mundo tem em mim é enorme, e destrói, parte, acaba e degenera. Mas tudo o que o mundo que dá tem um reflexo meu, uma onda de choque que atravessa e vai de volta ao mundo, aos que existem nele, no geral e no meu próprio universo, tão pequeno como todos os outros. Olho para as caras das pessoas, vejo as ignorantes ao que digo agora, ligeiramente perdidos numa névoa intensa que os faz serem uma espécie de fantasmas, esboços de algo que a um certo momento parou de ser desenvolvido, sem término ao seu processo de construção. Felizes riem sem cessar, sem parar para pensar o que são, o que fazem, o que os fazem fazer o que fazem, o que lhes dá o mundo e o que eles dão em reflexo.

Que se passou connosco? O primeiro passo é mesmo percebermos que a própria existência humana trás sofrimento, seja por onde for. Vamos sempre magoar os outros e sermos magoados, vamos destruir muito mais até do que construir. Em segundo temos de perceber que perdoar isso não é sinal de fraqueza. É sinal de que percebemos o âmago do ser humano, que a pessoa nos vai sofrer porque é mesmo assim, e nada à a fazer, nem que nos protejamos mil vezes mais, nem que levantemos paredes de pedra maciça, que nos escondamos no quarto, fechados a tudo e todos. O mundo é horrível, mesmo com todas as coisas lindas e que nos abrilhantam um pouco a existência. Mesmo essas vão acabar por nos mostrar que o mundo é ainda mais horrível do que julgávamos pela última vez que nos fizeram mal, são elas que nos colocam em posição vertical novamente, mas apenas para que voltamos a cair. É um facto e devemos espera-lo, mesmo que seja horrível. Afinal, o mundo é assim, nenhum de nós o mudará ou o quer mudar no fundo.
Nem toda a gente sabe amar ou aguentar esse sofrimento. Mas é necessário que o reconheçamos como uma facto da vida, que não temos nada a fazer a quanto a isso. Na realidade não queremos saber dos outros, e mesmo sobre a mascara interminável que colocamos em cada um de nós, que somos bons e belos, na realidade somos capazes de realizar feitos de horripilaria demais, mesmo para nós próprios. Temos de reconhecer que nos vão fazer o mesmo, que os outros também são humanos. Mentimos, manipulamos a nosso prazer e desprazer, julgamos, destruímos relações e ligações. É esta a fraqueza do ser humano. Somos nós que nos criamos sofrimento uns aos outros, mesmo sem razoes pessoais para tal, não que as razoes o justificasse, somos nos que nos fazemos mal, que nos magoamos, num círculo feio de redundância acutilante.
A natureza humana é horrível, mas é a realidade. E quanto mais cedo cada um perceber isso e deixar de colocar o seu coração, a sua realidade, nas mãos dos outros, esperando ter como reflexo a felicidade, mais depressa chegamos a uma harmonia com nos próprios.

Sunday, March 01, 2009

Begins




Welcome to your second life Mr. Zsigmond.

Mutável.


O monstro inquisidor tinha se criado ao longe. Ao longe de todos, num mundo esquecido, perdido, queimado, obliterado. Ele era sem sentimento, era atónito, era sem forma, era escondido. Mas a sua curiosidade o destacou de todos os outros monstros. Ele era inquisitivo, perguntava aos outros, perguntava ao mundo, perguntava. Perguntava. Tinha uma chama ardente, uma espécie de loucura desnecessária. Quero comer conhecimento, pensava, quero arder a minha mente de destruição eterna, olhar para todos os outros e perder me no que eles conhecem e conhece-lo também.
Os outros monstros expulsaram no da terra dele. Para sua tristeza, mas mesmo assim curioso, ele mexeu se dali para fora, caminhando, espantado com o tamanho do mundo.
Mas logo rapidamente encontrou destruição, medo, morte, zonas assoladas de ondas pretas que enchiam o som e o ar com um cheiro pútrido e adocicado.

Ele encontrou numa terra preta e morta por algo para si desconhecido, uma torre com uma chama, e nessa chama ele encontrou uma lança, e essa lança era linda, forte, robusta. Ele precisou de lhe tocar, de saber como sente, de saber a sua força nele.
E ele fez o. Mutuou, um relâmpago matou lhe o preto escondeu lhe o monstro, criou lhe uma forma.

Saturday, February 21, 2009

Lonely day

Such a lonely day
And it's mine
The most loneliest day in my life
Such a lonely day
Should be banned
It's a day that I can't stand
The most loneliest day of my life
The most loneliest day of my life
Such a lonely dayShouldn't exist
It's a day that I'll never miss
Such a lonely day
And it's mine
The most loneliest day of my life
And if you go,
I wanna go with you
And if you die,
I wanna die with you
Take your hand and walk away
The most loneliest day of my life
The most loneliest day of my life
The most loneliest day of my life
Such a lonely day
And it's mine
It's a day that I'm glad I survived

Wednesday, February 18, 2009

Contar


Consigo contar todos os segundos para ir falar contigo.

É um dom que o amor me dá, importar me com coisas que n importam para nada. E doi, essa espera, mas quando chegas é belo, a ansiedade desaparece e resta a felicidade. Se nao fosse assim nao seria amor. Seria apenas afinidade.

Entao espero, sentado na cama, sem desistir. Tento me entreter com coisas sem sentido, como escrever este texto por exemplo. Tento acalmar o meu coraçao que palpita sem cessar, que me sai quase do coraçao, que espreita para fora por vezes para ver se te vê.

Monday, February 16, 2009

Sorrow


A minha alma um dia sairá do meu peito e esse dia será tanto triste como assustador.


Um dia quando me criaram enganaram se. Não era suposto ser para este mundo, mas sim para outro melhor. Mas puseram me aqui, por engano. E aqui estou eu, meio para lá meio para cá, num mundo que onde não me sinto parte nem sequer um bocadinho, apenas sinto afinidade por algumas pessoas que também não sinto fazerem parte deste mundo.
Mas tenho de viver nele. Neste mundo feio e cheio de coisas horríveis, monstros, sombras, sons, mortos vivos nessas ruas por ai.
O mundo para o qual fui criado era diferente. Honra, valor, amor, sacrifício, visões incontáveis de beleza e horizontes, tudo para explorar, sem grilhões á liberdade, sem morte ou finalização. Tem magia e pessoas livres de apreços ou animosidades.
Pode ser que um dia ele me descubra.

Thursday, February 05, 2009

Im Hobbes, totally fucking legen....wait....wait....dary!!!



























Sou um pedaço dos dois, mas sou mais hobbes :)
Quero um gato! Ou um esquilo! Ou até um hamster! Aceitam se prendas!

Monday, February 02, 2009

Casshern


I've lost something important because of small things
The cold ring showed its glimmer to me
I said, "All I need is today," but that wasn't the case
The door to you vanished without a sound
The more I wish for your happiness, the more selfish I become
But still, I want you to stay, and I always did
When someone's wish comes true, she'll be crying
That way the door won't make a sound
I wanted to become the only one who can heal you, who is needed by everyone,
and I've endured it a little too much
To wish for own happiness is not selfish, right?
If that's so, I want to hold you as tight as I can
When my tears dry up, she'll be crying
That way, the ground under us won't dry up
The more I wish for your happiness, the more selfish I become
But you never hold me back, you never did
When someone's wish comes true, she'll be crying
Everyone's wishes can't be granted at once
As the small earth rotates, I learn to become more kind
I want to hug you once more, as soft as I can

Sunday, January 25, 2009

O monstro inquisidor, sobrevivente da destruição.


O monstro olhou em volta. Haviam apenas destroços naquele sítio inóspito. Chamara lhe Almejan, a terra dourada. Os seus campos dourados enchiam os seus habitantes de felicidade eterna, de amor indiscutível. A cidade de Cossus era a sua capital. Antiga e dura, impenetrável. A luz que irradiava era enorme e penetrava qualquer escuridão na terra. O monstro voltou a olhar, já dentro de uma cidade deserta, cheia de mágoa e dor, sentia ele. A cidadela estava tão vazia e a sua luz havia sido retirada sem ninguém poder fazer nada. Era outro local agora, morto.

Morreram todos, matou a todos, a negritude que existiu sempre no coração do seu rei benigno e adorado. Era dele que irradia tal luz, forte e destrutiva, mas linda e curativa. Um dia uma guerra destruiu tudo. Um exercito invasor havia destruído tudo, e havia se destruído a si também, em fúria invasora sem limite de ambições.
O mostro caminhou naquela terra seca, sem relva. Sobre aquela lua cinzenta, quase sem luz que deixava aquele sitio preto e assustador. O monstro era apenas um visitante, mas ele sabia que não podia ali estar muito mais tempo. Ao longe um fogo enorme acendia se, como um vulcão. Não sabia o que era, mas era mortal. O sentimento acordava, e isso magoava esta terra.

Um traço de destruição maligna levou o monstro até uma ponte e depois até uma fortaleza, no meio de um deserto, que tinha a terra vermelha. Nesta terra era tudo quente, mesmo à noite. A brisa quente de um fogo ao longe aquecia tudo, mesmo sem ninguém naquela região. A fortaleza antiga não tinha nada, tirando uma árvore morta, sem frutos a quem alimentar. Continuou então, sem esperança já, encontrando os pilares de Jotun, pedras ancestrais que um dia defenderam esta terra que ai vinha, agora partidos por algo forte demais para aguentar.

Ai encontrou cavaleiros em esqueleto, ainda dentro de suas armaduras, penetradas por algo horrível que os havia devorado sem piedade. O rasto preto no chão despertava curiosidade ao monstro, que observou que a chama acendia se noutro local, distante dali. E a destruição ia até uma torre no gelo seco que vinha depois dos pilares. Uma cidade destruída, e mais outra, sempre com as cores sugadas, com a vida que alimentava antes povos desaparecida para sempre.

Para onde vou eu? Pensou o monstro. Tenho vários caminhos a percorrer. Tenho medo do colossus, do cavaleiro negro, do crosus. Mas tenho medo da chama eterna, a luz que ilumina e apaga tudo o resto. Que rói carne e mói ossos.
Para onde vou agora…

Tuesday, January 20, 2009

Dawn Carriage



Shaded by the trees, calling out to the wind,
I'm lying face-down crying
I saw a version of myself I didn't even recognize
On this guitar I'm playing the melody of someone who's passed on
A star falls in the grief of someone who'll never be seen again
Please don't go, no matter how much you scream,
all it will do is quietly stir these orange petals

Saved on my soft brow,
I send the memories in my palm far away
An eternal farewell as I keep strumming
The heart of a child clinging to a gentle hand
The blazing wheels cast it off and continue on
On this guitar I'm playing the grief of someone who's passed on
The strings in my heart being plucked at violently
In the pure white unstained by sorrow,
the orange petals stirred in a summer shadow

Even if my soft brow is lost,
I'll cross over the far off, red-stained sand
The rhythm of farewell
Branded into my memories, on the ever-turning earth,
there is something sprouting in remembrance
Sending off the dawn's carriage

Those orange petals are stirring somewhere even now
The peaceful daybreak I once saw
Until it is placed in my hands once more,
please don't let the light go out
The wheels are turning

Wednesday, January 14, 2009

Old.


Cabelo preto revolto. Pernas cruzadas. Provocação premeditada.
Olhar no escuro, na solidão do poder. Na alucinação de uma bebida amarga ou um cigarro fumarento.
Peço para me cruzar contigo, para te encontrar, para saltar contigo na escuridão e descobrir a luz.
Que estranha cantiga, que forte calor no estômago.
Gozas comigo, numa maneira trépida de nervosismo. Juntamente.
Rompendo o pensamento, acariciando a língua, o copo impressionado da vida. Mais papel, mais uma golada cheia.
Que medo assolador, que receio que assalta o mais fraco na noite.


- old.

Tuesday, January 13, 2009

Corvo e Peixe.

Old Story...


Ventania de noite, alma de desespero. No fundo do rio que me afoga vive um peixe negro como o carvão que assusta todos os pescadores. Rompe as suas canas de pesca, os seus ossos quando caem e a as suas esperanças.
Esse peixe solitário vivia longe de tudo e de todos e qualquer outro peixe ou ser que se aproximasse era afastado. Ninguém sabia o porque, já acontecia há tanto tempo que ninguém se lembrava da origem do seu negrume e maldade.
Um dia, saído do fundo negro do lago, do lodo protector, o peixe negro conheceu um corvo negro que debicava nas águas do lago. Sempre que o peixe o tentava magoar ele se afastava com as suas asas e voltava a debicar no lago, contra a vontade do peixe. Começou a conversar o corvo então, com o peixe que não sabia o que dizer.
O corvo vivia no ar e nas árvores, sempre sonhador, no azul do ar e no verde das árvores de fruto. Só conhecia o doce e o quente do seu ninho. O peixe apenas conhecia o frio e o escuro do fundo do lago.
Confraternizaram os dois durante muito tempo. Contaram a cada um as suas vivências e as diferenças. Tinham a mesma cor e igual potencial. E juntos acharam então os dois em uníssono, seriam invencíveis e apaziguariam a dor um do outro. O corvo ensinou ao peixe o azul do céu e o verde das árvores e como os frutos são doces como a vida e como é bom ter companhia da floresta. O peixe ensinou sobre o negro confortável do fundo do lago e a liberdade de ser independente e de conseguir afastar as ameaças sem remorso de mais.
Hoje vivem os dois perto um do outro. O peixe quase nunca está no fundo do lago e sim perto da margem, sempre a olhar para o azul do céu e até já está menos negro, por causa do sol quente. O corvo já não voa tão alto e já não se afasta tanto para o mundo dos sonhos dos ventos do céu. Fica mais perto do lago e do peixe negro.

Ódio.



Procuro no fundo do poço respostas. Daquelas que satisfaçam.
Puxo-as com um balde de cobre laminado, com as minhas mãos cheias de terra. Esgravatei tudo o que encontrava para encontrar me a mim próprio.
Em vão, claro.
Gosto do sabor da água do poço. Dá-me a sapiência dos sábios.
Abre-me os olhos mesmo que não os queira abrir.
Molho os dedos sujos e limpo-os.
Fico puro, limpo. Mesmo as lágrimas salgadas que tenho na cara.
A água fica negra cheia de pecados e ódios necessários.
Envio-a de novo para o poço num gesto brusco.
Ela cai junto ao resto da sua companheira de onde a arranquei.
Os ódios infiltram se. Na água no solo, nas arvores e no céu.
Tudo fica odioso.
Tudo fica igual a mim.
Tudo se vira contra mim.
Eu digo, num sussurro que todos ouvem:
“Vamos lá a essa dança.”

Lutor e Selene.

A morte aproximava se por todos os lados, mostrando me a fraqueza do mundo.



Lutor saltou de um varandim para o outro. Costumava fazê-lo para se encontrar com Selene, a sua amada. O processo já era conhecido por ele. Escalava as sebes ao lado da varanda da sala, depois saltava dessa varanda para a varanda do quarto de Selene e lá perdiam se em paixões discretas a e silenciosas. Não fosse o pai e a mão de Selene ouvirem, severos e protectores de sua linda filha, prendada mais que tudo, cheia de pretendentes que eles escolheriam com cuidado, para fortalecer a sua posição social e económica.
Era então o amor secreto. Numa época cheia de protocolos macilentos, época de senhores distintos com os seus relógios de bolso e com as mentes repletas de ciência, época de mulheres belíssimas e puras, submissas aos homens e à moralidade que comanda a sociedade, montadas nas suas carruagens e protegidas pelos seus acompanhantes. Um mundo sem toque ou paixão. Um mundo seco e de tons pastel, sem vida, presos num quadro que vai envelhecendo.
Não era assim para Lutor, jovem apaixonado e sonhador, no início de uma carreira como escritor, sem reconhecimento ainda. Por isso sem grandes posses, filho de pais comerciantes de bens essenciais, nunca seria aceite pelos pais de Selene, que procuravam um pretendente abastado. E eles existiam aos montes, atrás de Selene, cheios de estilos treinados durante anos de ensinamentos de línguas mortas e artes da diplomacia, capazes de convencer um padre que deus não existe, se assim o necessário. Lutor não podia rivalizar tamanhas qualidades. Mas ele tinha algo que nenhum tinha. Criatividade única. Desenhava e escrevia como ninguém alguma vez tinha visto. Era o promissor escritor, diziam alguns eruditos. Infelizmente para Lutor, os intelectuais formados em grupo dificilmente deixam entrar alguém no seio da sua arte, com medo de os exceder, criticando o por isso sempre que podiam, mesmo sem razão, em gozo ridículo entre eles. Eram portanto elitistas e Lutor não pertencia a essa elite. Teria de ter alguém que o apoiasse. E esse alguém não existia. Nunca se interessara por politica. Apenas por arte e escrita, por histórias e por coisas antigas e poesia bela, capaz de retira-lo da sua realidade inútil, da sociedade vaga onde vive.
Selene veio recebê-lo, alegre e nervosa, à sua varanda de portadas amarelas e brancas. Lutar foi puxado por Selene para dentro do quarto, para ninguém o ver. As portas fizeram som nenhum a serem fechadas e estavam sozinhos no escuro, apenas com a luz do candeeiro da rua a iluminar ligeiramente o quarto pelas frinchas das portadas.
Beijaram se com toda a força e deram depois uma abraço forte e longo, para se certificarem que não era um sonho, que se encontravam mesmo ali, juntos. Deitados no tapete bege do quarto, trocaram novamente olhares e deleitaram se no amor que tinham um pelo outro. Após momentos de amor inebriante, deitados um ao lado do outro, abraçados, no quarto de tons pastel de Selene, decorado pelos pais e feito tudo a pensar a suposta personalidade que a sua filha teria, conversam sobre eles e sobre o futuro. Os quadros de Selene empreitam ao longe, no canto do quarto, com tons negros e assustadores. As mãos dela ainda tinham restos de tinta que não saíra. Os seus pais odiavam isso. Não era de senhora, como diziam tantas vezes. Mas ela não se interessava por isso e gostava de os irritar dessa maneira e de outras mais.
Lutor falou lhe das imensas escritas que tem escrito a pensar nela. Nos poemas cheios de amor e carinho mas também medo de a perder e de ficar novamente sozinho, apenas com os livros e os fantasmas que o assombram. Selene diz lhe tudo o que ele quer ouvir. Que vão ficar para sempre. Que serão um do outro para sempre e nada os afastará. Nem que tentem muito e tudo se destrua numa bola flamejante. Estarão juntos na mesma. Sempre. Sempre disse ela varias vezes e a palavra colou se à mente de Lutor, como uma folha molhada numa janela, esgotando o seu pensamento. Era isso mesmo que ele queria, não tenham dúvidas. Era ficar com Selene para sempre.
A conversa continuou, durante noite dentro, falando sobre arte e escrita, falando sobre a arte escura e verdadeira de Selene e sobre a escrita amedrontada mas genial de Lutor, uma conversa cheia de recantos escuros, tal como os quadros dela. E de como quando Lutor fosse um escritor reconhecido ele iria levar Selene para perto dele, longe daquela cidade cinzenta, e ela poderia expressar se artisticamente e ser livre. Percebiam se e conversaram por isso horas e horas. No dia seguinte, de manha cedo, Lutor saltou da varanda para as sebes e depois para o chão. Sem medo de se magoar porque se sentia o melhor. Estava cheio de sono, não tinha dormido nada e tinha por isso as olheiras de quem tinha passado a noite em claro. Ele dizia aos pais e aos poucos amigos que tinha ficado em claro mas sim a escrever e a filosofar. Era o seu trabalho, dizia, e não escolhe hora de chegada a inspiração, arrematava a seguir. Todos acreditavam e ele ria se, orgulhoso, do seu poder diplomático.
Na sala enorme, nessa mesma manha, passado pouco tempo da saída de Lutor. Os pais de Selene, ilustres mesmo ao acordar, sentados nos sofás de veludo, falavam da sua filha e do futuro da mesma e consequentemente do seu. Falavam e tagarelavam, sem nunca sair do mesmo tema. A filha. Comentavam que Selene era simplesmente muito rebelde. Que as suas artes não seriam bem vistas por todos da sua classe. Que ela teria de casar se com um jovem nobre, de uma família amiga e rica. Mais rica do que eles, quem diria! Sabiam da existência do jovem Lutor. Os seus espiões já lhes tinham informado da sua existência e não estavam contentes. Um desses mesmos espiões interrompe a conversa de forma intempestiva, com informações recentes e interesseiras. Informou os então que Selene tinha passado a sua noite com Lutor, mesmo ali no quarto dela, debaixo dos seus olhos. «Eu vi-o a sair do quarto dela hoje bem cedo, despediram se com um beijo longo e apaixonado», disse o espião, sempre olhando para o chão. Os olhos côncavos e negros, em contraste com a sua pele branca, do pai, arregalaram se de horror e ódio. Começou a pentear a sua barba branca com os dedos longos e mortificados de branco, de unhas longas e tratadas. A cara estreitou se com o apertar dos maxilares, enquanto pensava o que fazer. A mulher esperava o que sairia da mente do seu marido, tal como qualquer mulher submissa faria. Olhou de esgar para o espião e depois largou um suspiro de preocupação, agora que a sua filha não escaparia do ódio do pai.
Ele levantou então, com a bengala na mão e mandou o espião juntar três rufias quaisquer para dar uma lição ao rapaz impertinente que tenta roubar lhes a filha querida. A ela o que lhe aconteceria? Um castigo mais sentimental. Não poderia falar com ele, mesmo que passassem à sua frente. Estaria agora sempre vigiada e seria obrigada a fazer o que lhe mandam. Lá fora a chuva começava a cair e a lama lá fora sujava todos o que nela andavam por necessidade.
Lutor não conseguia esconder a sua alegria durante o dia que se prolongou até ás onze, quando se foi deitar. Escreveu imenso, poemas lindos e cheios de loucura de amor.

«Na noite inebriante de prazer indiscreto, o meu mundo colapsou.
Foi o fim e o início, a primeira cena e o genérico final.
A linda mulher de padrões magnéticos passeava se pelos meus olhos sem cessar, num carregar de emoções, num enlouquecer de sentidos.
Mas que diabo a colocou no meu caminho tão auto centrado?
Mas que louco me derrotou neste jogo de passos coordenados?
O passeio nocturno, de lua a ameaçar cheia mas de tonalidade amarela, compactuava com o seu charme inebriante até me derrotar.
Assisti ao seu corpo celeste brilhar demais.
O desejo que me soltou pensou no seu corpo, o pensamento que me acordou pensou na sua mente curiosa de saber, tal como eu, de tanto que me ensinou, numa só noite, fiquei eu de ensinar em muitas mais breves escapadelas rasteiras.
Demorei a adormecer, pensando na sua beleza, doce querela na minha alma.
Era ela, se não tão distante, que acabaria comigo, de uma forma serena.
Sim, porque é ela.
Sim porque é mulher.
Sim porque foi a escolha sem senãos.
Estou morto, estou vivo, estou alegre, estou perdido no tempo.
É o final de uma jornada. Quando começa outra?
Se for possível concretizar no mundo de barreiras invisíveis que nos percorre constantemente.»

Deitou se e adormeceu a sonhar com coisas belas. Via a vida com tons de vermelho e negro, púrpura e branco pálido. Era tudo gótico estilizado e bonito, perfeito. Seria assim para sempre, ele sabia que sim. Confiava que sim.
No dia seguinte, depois de acordar, Lutor segue para a sua rotina normal. Levantou se cedo e ajudou os pais no seu labor matinal. Depois seguiu para o clube de cavalheiros onde ajudava um velho escritor a escrever, agora que ele não conseguia cuidar das tintas e dos papéis, e muito menos escrever com as suas mãos oscilantes e a sua falta de visão, que lhe toldava tudo. Após essa ajuda, caminhou até casa. Almoçou com a família. Descansou um pouco em casa. Filosofou no pequeno café ali perto sobre a vida e os seus pormenores interessantes. Já final da tarde caminhou serene pelas ruas lamacentas, esquivando se de poças e das carruagens que salpicavam tudo de lama preta.
Perto de casa, distraído no seu mundo de sonhos como costume, não se apercebeu do que se preparava para acontecer à sua volta. Foi empurrado contra a parede e depois agredido com um murro no estômago com toda a força. Foi se abaixo mas umas mãos pesadas e fortes não o deixaram ir. Olhou para cima e viu a figura de três homens, diria mais, homenzarrões mal vestidos que o agrediam continuadamente com socos e palavrões do mais vil encontrados. Caiu no chão, no meio da lama, com o gosto de sangue na boca e sem fôlego nos pulmões. Já nem sentia dores nos golpes, o seu corpo estava cheio de adrenalina. Um deles cuspiu lhe em cima, com nojo. Disse lhe que Selene não é para ele. Que se meta com as prostitutas da cidade, não merece mais. Que se não ouvisse os conselhos sentiria a morte e a morte dos seus aparecer. E a morte não é bonita. O seu rosto branco iria destruir a sua família.
Ali ficou, sozinho, a chorar com dores e humilhação. A pensar no que fazer. Lentamente começou a odiar tudo e todos. Os que lhe bateram, os pais de Selene, os escritores elitistas, a lama com que estava coberto, o mundo e até ele próprio por não ser capaz de fazer mais nada do que baixar os braços. Levantou se devagar, de olhar louco e humedecido e deu passo ante passo até chegar à praça. Lá, com as roupas sujas e ainda cambaleantes, ele viu Selene e seus pais, passeando na sua carruagem, altivos. Selene olhou para ele com um olhar assustado e temente aos pais. Olhou para ele sem alma, cheia de pena, cheia de vontade de o ajudar mas impotente para o fazer. Ele também olhou para ela e viu os seus pais, com um sorriso acutilante, olhar para ele cheio de um orgulho bafiento. Sentiu se tão mal que quis morrer. Arrastou se até casa e ficou lá, horas e horas a olhar para o tecto. Chorou imenso e quis matar tudo e todos no mundo. Bebeu uma garrafa inteira de vinho e ficou se bêbedo e deprimido. Rasgou as coisas que havia escrito para Selene, as coisas bonitas e cheias de amor e escreveu coisas novas, com uma escrita tremida e contínua, coisas cheias de fúria e dor. Adormeceu lentamente, desgastado com tudo.

«Partes destroçando tudo em teu redor.
O meu coração é como cristais frágeis e tu destroças tudo sem pudor.
Peço te ajuda. Peço te que fiques porque me sinto afundar nas areias movediças que eu próprio criei e onde coloquei o meu pé.
Peço te que me dês a mão mas tu vais.
Vejo a tua sombra dirigir se para longe e tu com ela.
Choro enquanto me afundo, cada vez mais.
Sinto o desespero de não ter como fugir, de não ter escape sozinho.
Não!
Sozinho sempre fiz tudo e sozinho farei sempre tudo.
Serei a morte a vida hoje.
Salvar-me-ei a mim próprio, sem problemas ou indecisões.
Desenterro me das areias e caminho sozinho, as areias desfazem se como se fossem nada.
Sigo em frente destruindo tudo o que vejo.
Bons ou maus, belos ou feios, tudo destruído.
Tudo!
Porque hoje e sempre, caminho sozinho em direcção a um caminho longo e árduo. Sozinho nada me mete medo.
Sozinho nada me impede porque sou um colosso negro.
Deixando um buraco na realidade.
Um buraco apenas superado pelo que vou criando dentro de mim, tornando me cada vez mais negro.
Até desaparecer toda a luz em mim e apenas me restar um sorriso irónico na boca.»


A sua raiva era enorme e sonhou coisas horríveis e repletas de monstros e morte. Nessa noite o demónio visita o e conta lhe coisas, coisas más. Um demónio feio, vermelho, pequeno e de orelhas pontiagudas e olhar maléfico. Disse lhe que se quisesse ter Selene de volta teria de destruir todos os que o tentam impedir. Ela quer que o faças, disse ele. O demónio apoderou se dele, disse lhe maneiras de matar e fez lhe acreditar que seria o ideal

Monday, January 12, 2009

Escrita


Sempre protegi a minha mão direita, como adoro escrever.

Agora doi-me sempre que escrevo, devido ao estupido murro, raivoso, que dei quando me magoaste e me deitas-te ao chão com uma poderosa estucada.


Cidade Carmesim


[O frio enche o quarto, eriçando os pelos da minha mao enquanto escrevo isto. um cigarro queima o oxigenio em que toca, queima os meus dedos e os labios, como todo o sentimento o faz tao bem.]


BAM!


Cavaleiro negro...


A cidade carmesim é uma cidade prospera, forte, cheia de vida e de cavaleiros, nobres, gente de habilidade e proeza, honra e força. As suas torres e paredes vermelhas tornam na uma visao fantastica ao longe, imponente, destrutora do mal e impossivel de penetrar. Ela fica depois do deserto, depois das montanhas de gelo, depois do rio azul que corta as lindas pastagens verdes e das casas de pastores trabalhadores e dos seus animais. Longe e longe de tudo e de todo o tumulto que vai vivendo esta terra.

Nesse dia infelizmente, uma força preta encontra os portoes desta cidade e abre os como que partindo um selo antigo que fecha algo de precioso, sem pecado.


Começo a ver dessa forma, na minha cabeça. Vejo o, comendo todos os outros cavaleiros e os seus cavalos que tentam derrota lo na cidade carmesim. Engole todos num frenesim homicida, sem hipotese. Todas as cores das suas bandeiras e das suas roupas desaparecem no fundo preto que os absorve, destruindo todas as suas maquinas de guerra, futeis contra tal poder raivoso.


O cavaleiro coloca se de novo em activo e o colosso esconde se dentro dele.

De olhar assassino e olhos repletos de indiferença pelo que aconteceu, coloca sua espada preta e prateada no chao, no seu ombro e pergunta com uma voz fraca e grave, quase morta:


"Nem todas as legioes deste mundo e dos outros vos salva ou me salva a mim, de que vos vale a pena tentar?"


Wednesday, January 07, 2009

Eu.

Sou...

Ecos do passado.


"Oiço agora a ultima palavra, o ultimo devaneio.
Sou o bater de coração da morte…"

"Agora olho em frente, sem fragmentos de um espelho que me lacerou completamente, não olho mais para o passado, apenas para o futuro.
É assim o rumo da minha nau, e não volto a olhar para trás, sinto sim, á frente, o ar gelado na cara e os pingos salgados da vida. "


"Se as ilusões me derrotam não as voltarei a sentir, nunca mais, nunca…"


"Perdi o meu corcel, companheiro fiel, nas águas frias do rio que passei.
Para isso serviste tu meu fiel protector.
Agora do outro lado lanço a minha lança no infinito, na esperança de atingir mortalmente o destino que é o arquitecto do meu tormento final."

Tuesday, January 06, 2009

:(

I dont feel my soul sometimes...
and it feels like shit...

Saturday, January 03, 2009

Livro


Ninguem pode escrever um livro.

Para que um livro seja verdadeiramente,

Requerem-se a aurora e o poente,

Séculos, armas, mar que une e separa.

- jorge luis borges

Friday, January 02, 2009

Vermelho e Preto


Vejo a vida em tons de vermelho e preto,
púrpura e branco pálido
Percorro os corredores das casas, entre elas,
nas ruelas sujas e imundas com os ratos e os pobres.
Encontro o melhor cutelo que me poderiam arranjar.
Afiado e perspicaz.
No dia seguinte entro na cidade e começo a minha jornada de vingança.
É agora, diz o demónio, e eu respondo:
“Com certeza.”

Thursday, January 01, 2009

Caixa de sentimentos.

"Choro… e os pingos salgados caem em cima do teclado.
A musica triste passa atrás, enchendo o meu quarto de som que não os meus sobejos de desespero, por estar perdido mais do que alguma vez pensei.
Não gostem de mim, por favor. Olhem apenas para o acidente que sou e continuem em frente, peço vos. Fujam de mim, todos o fizeram, vá lá, façam o que vos digo, vou magoar vos. Sou horrível.
Choro mais um pouco
E choro mais
E não sei que fazer"

- in past self.

Flames


"O mundo lá fora, pelas grades da prisão parecia ser o mais cinzento de sempre. A morte planava sobre todos e o medo fazia com que tudo fosse horrivelmente feio e murcho. A flor mais bonita do mundo pareceria um mero ramo seco naquele momento de desolação para todos naquela sala escura e molhada, onde nem os ratos aparentavam querer morar a não ser para comer um ou outro osso com carne apodrecida que explanasse o seu cheio por todos os túneis. As passadas longas no corredor ecoam pelo ar, sufocando o ambiente e deixando tudo ainda pior e mais negro. Tinha se passado uma noite naquele chão duro e cheio de humidade e as horas dormidas foram escassas, as poucas dormidas foram cheias de sonhos horríveis e pensamentos devastadores sobre os monstros horríficos que devoravam os seus ossos."

Fantasma.



Quem olhará para este cavaleiro com olhos de gente, se é que lhe podemos chamar de cavaleiro…
Renascer e recomeçar é difícil, diz o mundo com veemência. Não vais conseguir, és um ser partido em dois que se comeu um ao outro e agora é esse pedaço de mal que anda sozinho.
Olá amor, felicidade, esperança, honra, coisas boas. Estão adormecidas no meu coração. Sem razão alguma.

Porque me tentas salvar com aconchego se não chego para ti, floco de neve? Se sou um pedaço de pessoa. Se estou dividido, partido, como lhe quiseres chamar.
Sou uma ideia, um filamento, e existirei enquanto pensarem em mim. Quando deixaram de acreditar de mim como eu fiz eu vou desaparecer sem que ninguém perceba.

Cuspo todos os monstros que te comi. Se pudesse retirava te todos os sonhos que te dei, comia os e nunca mais os vias, depenava te de tudo e ficavas ao frio, a ter de sair de tudo sozinha, para cresceres e aprenderes como aprendi.
Todos.
Não os mereces.
Só mereceras ser feliz quando um dia deixares de deixar os outros infelizes e eles te perdoarem.
Até caíres dessa cadeira alta que fizeste para ti.
Até deixares de ver o amor como algo que te suporta mas sim algo que nos faz ser melhor. As pessoas não são escadas que possas usar para subir nem pedras que possas usar para atravessar o rio.
Até pedires desculpa com sinceridade, com acções.
Viúva negra, és tudo menos uma borboleta ou fada, és uma aranha que come os parceiros de quem se aproveita com força vital.
Suga tudo, um dia isso tudo vai te sugar com força, fazer te fantasma.